Quantas vezes você já disse que os momentos de adoração musical na sua
igreja têm uma temperatura que varia entre morno e frio? E quantas vezes você
ouviu uma resposta rápida lhe dizendo que isso é “só falta de Jesus no coração
do povo”?
De uma forma geral, a adoração precisa ser mais calorosa? Sim. O povo vai à
igreja sem espírito de adoração? Também. Aliás, eleger a mornidão da adoração e
da comunhão pessoal como únicas responsáveis nos leva a um beco sem saída: a
adoração é fria por causa do povo ou o povo é frio por causa da música?
Respondo: nem a rigidez do serviço de louvor nem a frieza
espiritual da congregação são “culpados” isoladamente por essa situação.
Mas a adoração pode estar sem vigor na sua igreja por causa da forma como o
louvor está sendo conduzido.
Muitas vezes, as igrejas têm tentado tapar o sol da desorganização com a
peneira do serviço de “cânticos”. E aí é um tal de “enquanto o culto não começa,
vamos cantar o hino …”. É verdade que, às vezes, há uma emergência: o pregador
não chegou a tempo, contaram errado o número de cadeiras na plataforma, a porta
que dá acesso à plataforma emperrou,… Mas se todo culto tem uma emergência, das
duas, uma: ou acabam com a emergência ou a emergência acaba com o culto.
As músicas escolhidas para a adoração coletiva da congregação às vezes são
inadequadas. Estou falando tanto de hinos quanto de canções modernas. Pense
nisso com sinceridade: por que tantos hinos do hinário ou da harpa não
entusiasmam mais uma boa parcela da congregação? Você acha mesmo que é falta de
comunhão do povo? De outro lado, será que algumas canções contemporâneas não
estão inibindo o louvor porque falam um idioma litúrgico diferente?
Não precisamos abolir o hinário das igrejas. Embora nós o tenhamos abolido
das mãos, já que o telão anda cumprindo o papel de “karaokê sacro”. Nossa época
não é melhor do que outras épocas em nível de composição (se a nossa não for a
pior).
No entanto, porque também não inserir junto com os tradicionais e belos
hinos, uma música de um quarteto ou de um coral/grupo/solista? O regente pode
levar um quarteto ou alguns solistas para cantar uma estrofe de uma música
conhecida e apreciada pela maioria e depois dirigir a congregação a cantar o
refrão. Muitas músicas do hinário apareceram primeiro na voz de cantores e
grupos vocais. Hoje, isso pode ser feito com algumas músicas que reflitam a
teologia da igreja também.
Nos momentos de adoração congregacional, o regente precisa escolher o
repertório adequadamente. Não é hora de ensinar um hino pouco cantado. Se ele é
pouco cantado, pode ser que ele seja pouco preferido.
Hinos vibrantes e outros solenes, alguns alegres e outros mais reverentes.O
regente congregacional precisa pensar no que é melhor para a coletividade e não
para a individualidade. E dependendo do repertório escolhido, um regente pode
auxiliar na criação de uma atmosfera sadia de adoração e contentamento, mas
também pode desanimar e constranger uma congregação.
Buscando soluções para melhorar o louvor da sua igreja? Sinto dizer que não
existem soluções mágicas. O regente pode levar um repertório da maior
excelência e apreciação do povo, mas se as pessoas não suspirarem por Deus como
a corça suspira pelas correntes de águas, não há adoração. A música pode ser a
mais contemporânea, mas se eu não me alegrar quando me dizem “Vamos a casa do
Senhor”, não há adoração. O hino pode ser o mais tradicional, mas se eu não
celebrar com júbilo nem servir com alegria, não há adoração.
Nosso louvor não existe para que Deus nos ame. Nós O louvamos
porque Ele nos amou primeiro. Nossa adoração não serve para mostrarmos
que somos bons. Nós O adoramos porque Ele é bom e a Sua
misericórdia dura para sempre.
Joêzer Mendonça
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